porque eu mereço

De tantas vezes que tento não atravessar a sala às escuras a correr quando já está tudo a dormir
De tantas vezes que olho para trás de mim pelo espelho.
De tantas vezes que abro os olhos quando ainda não adormeci.

Já merecia apanhar um susto a sério. mesmo que seja alguém em pé no meu quarto especado a olhar para mim. brrrrrr.

Senão, vou continuar a acreditar que os fantasmas não existem.

Se tenho que correr para apanhar o autocarro, então que seja sobre uma espessa camada de neve branca e fofinha ainda por estrear.

e uma sessão da meia-noite, não?

Ainda gostava de saber porque é que aqui no norte não existem sessões da meia-noite. Cinema de dia não é a mesma coisa, a das 7 não dá para jantar e para a das 9 tem que se jantar à pressa. Tenho saudades.

sound unproof

Isto de estar no último andar do hotel com tectos inclinados e uma pintura do Vermeer por cima da minha cabeça é muito giro, mas ter as igrejas todas de Delft a tocarem alegre e longamente dentro do meu quarto a cada 15 minutos torna-se um bocado chato. E quase que ouvir as conversas das pessoas na rua também é estranho, falassem elas uma língua que eu percebesse e acho que tinha entretenimento para todas as noites- E alguém já dava umas moedas ao tipo que está a tocar guitarra algures em Besteenmarkt.

Valem-me os Discos voadores a passarem o Contra.

Depois da quantidade de deliciosas cervejas que já provei por aqui, vai ser complicadíssimo voltar à grøn tuborg.

A mais recente entrada para o top dá pelo nome de La Chouffe e é a melhor loira de sempre.

o melhor bar de delft

(e o único em que entrei até agora)

tem velhotes à entrada, pratos pintados a azulejos na parede, amendoins à borla cujas cascas devemos atirar para o chão, cruzes e retratos e fichas triplas assustadores/as na parede, uma única pessoa a servir, vira ao contrário as bases dos copos para não fazer publicidade, todos os jogos da era pré monopólio (inclusive) que se possam imaginar, e cerveja trippel defltiana.

vivam as guerras de casca de amendoim.

first impressions of delft

Adoro que continue a estar tudo cheio de neve, que continue a haver bicicletas por todo o lado, e que os canais continuem congelados, é como se não tivesse apanhado um avião mas é tudo mais pequeno e fofinho.

Também adoro ter wifi grátis em todo o lado graças à DTU e poder ouvir a radar aqui.

Só não adoro muito que as pontes por cima dos canais estejam cobertas daquela camada fina de gelo tão propícia a quedas. Felizmente os holandeses de cá são todos extremamente simpáticos e solícitos, mesmo às 11 da noite.

saudades

saudades, originally uploaded by barely_legal.

operação nojo

É o nome pelo qual será conhecida de aqui em diante a parte de limpar a casa de banho em que temos que abrir o ralo do chuveiro e limpar toda a nhanha malcheirosa que lá se acumula ao longo de 5 meses.

Aproveito para expressar o meu descontentamento com os apartamentos em Copenhaga em geral:

- balcões da cozinha em madeira - check!
- chão em madeira não-tratada com fendas, que deixas farpas nos pés das pessoas e absorve todo e qualquer líquido nele derramado - check!
- papel de parede vulnerável a aspirador e bostik - check!
- portas que fecham mal - check!
- sem ventilação à excepção das janelas (e quem é que vai abrir janelas com feels like -10ºC? Pois.) - check!
- péssimos acabamentos em geral - check!


No campeonato das casa de banho é só escolher:
- Chuveiro na cave do prédio;
- Chuveiro na cozinha;
- Chuveiro no corredor;
- Chuveiro pseudo-moderno forrado a ladrilhos com mal-escoamento de água e propensão portanto ao crescimento de organismos indesejáveis.
- Sempre com ralo a entupir de 6 em 6 meses claro.


É que não fazia mal nenhum investir, sel lá, em azulejos, aquela loiça branca normal da casa de banho, uns ventiladorezinhos discretos como há na Suécia, e em balcões do mesmo material do lava-loiças ou pelo menos em pedra. Que isto não ajuda nada às limpezas.