29/10/2008

so there's no climax

Escrever sobre concertos de que não se gostou é bem mais fácil do que escrever sobre aqueles em que quase que foi difícil conter a baba... por isso é que ainda não me deu para escrever sobre os The Last Shadow Puppets, os The Dø e Bon Iver. Isso, e falta de tempo.

Ontem fui ver os Okkervil River em Lund. Depois de ter visto tantos bons concertos, a fasquia estava alta... mas não se pode ter tudo.

Os Okkervil têm um grande problema, e chama-se Will Sheff. Estou seriamente a considerar mandar-lhe um e-mail com as seguintes sugestões:

1 - Tens mesmo de tocar guitarra acústica em TODAS as músicas? Da mesma maneira??? PORQUÊ?? Isso só faz com que todas as músicas pareçam iguais... Por muito que ter uma guitarra ao colo possa dar um ar cool à maioria das pessoas, no teu caso só se torna ridículo. Ainda para mais quando te diriges à guitarrista a sério e tocam frente-a-frente, como fazem os músicos decentes quando estão a interagir com os solos e isso, com a diferença de que no teu caso tu estás a tocar rigorosamente a mesma coisa nessa guitarra do princípio ao fim. E que tal olhares para a guitarrista que está a tua frente a tocar a sério?

2 - Se fosse a ti, ou deixava de ser vocalista ou ia ter umas aulas de canto e colocação de voz. É que a tua é extremamente aborrecida e monótona, e ainda por cima as tuas músicas são como os episódios das Gilmore Girls, quase não há um minuto para respirar. Isto resulta num monte de perdigotos (se olharem para a foto com atenção dá para ver... e quase calcular a velocidade!) para cima dos devotos ou interessados da primeira fila, e numa constante nuvem à tua volta. Para além disso, essa maneira de cantar à Conor Oberst também não ajuda nada: o Conor Oberst tem uma voz infinitamente melhor que a tua, e tem o talento de conseguir com ela dar uma carga emocional às suas canções... inexistente no teu caso.

3 - E que tal dares um bocado mais de espaço aos outros membros da banda?? Vocês são 6 em palco... o potencial de riqueza instrumental é enorme. Mas quando durante metade do concerto praticamente não se ouve a guitarra e o baixo, e os trompetes e mandolins e acordeões se tocam durante 30 segundos por música, praticamente sem ligação com o resto, e enquanto isso tu passas o tempo a fazer sinais ao pessoal do som para por o teu microfone mais alto... alguma coisa não está bem!

4 - Nem toda a gente curte bater palmas para acompanhar as músicas. Eu, pessoalmente, prefiro bater o pé. E certamente não sou a única. Para além disso, são poucos os músicos que têm a presença em palco e força de carácter suficientes para obter reacções em massa da parte do público. O Fernando Ribeiro é um deles. Tu não! E por isso exigir que toda a gente bata palminhas, incluindo o pessoal do relax lá atrás, durante uma música inteira, é pura arrogância.

O resultado disto tudo foi uma primeira parte extremamente aborrecida, onde me diverti mais a observar os meus vizinhos de primeira e segunda fila a vibrarem com cada perdigoto, a entoarem todas as sílabas no seu inglês sueco sem sotaque, e a dançarem como se fossem bonecos do contra-informação com as mãos no ar, do que propriamente a ver os esforços do Will Sheff para tentar ser cool. Valeu que lá para o meio as coisas começaram a melhorar... começaram-se a notar mais os outros músicas, as músicas fluíam melhor umas a seguir às outras, e tornaram-se melhor interpretadas e menos aborrecidas, com momentos realmente muito bons, como foi o caso da Our Life is Not a Movie or Maybe, e de outras músicas que eu não conhecia e que fugiam um bocado grande à monotonia geral dos álbuns. Se eu soubesse as letras de cor se calhar até tinha gostado mais... porque realmente ele canta muito, sempre podia acompanhar.

Eu conhecia mais ou menos os álbuns dos senhores, e até achava alguma piada. Um concerto pode mudar tudo, para melhor ou para pior... neste caso as coisas ficaram um bocado em águas de bacalhau, porque o final do concerto salvou um bocado a situação. Desenvolvimentos aguardam-se!

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