Passei um fim de semana de Setembro em Amsterdão, em modo "viagem de gajas":
Já tinha estado em Amsterdão antes, mas, não obstante a excelente companhia e os óptimos momentos, nessa visita não fiquei especialmente impressionada pela cidade. Atribui isto ao facto de ter sido em plena passagem de ano, estar frio e não apetecer especialmente deambular pelas ruas, antes ficar em casa no quentinho a não fazer nenhum.
Felizmente desta vez o contrário aconteceu. O "ficar em casa" esteve desde o início fora de questão, já que a "casa" era um hostel estilo "refúgio cristão", com orações e leituras da Bíblia todas as noites, livros e panfletos religiosos espalhados por todos os cantos em todas as línguas possíveis, e decoração mórbido-religiosa com "Jesus" escrito por toda a parte. À distância de duas portas (literalmente) do red light district, claro.
Apanhámos o que foi provavelmente o último dia do nosso Verão no sábado, que só existiu, claro, para acabar numa descarga de água, relâmpagos e trovões que durou ainda um bom par de horas durante a noite.
Andámos, muito, tanto, e mesmo assim fiquei com a sensação de nunca ter passado na mesma rua duas vezes.
Adorei:
- O fenómeno dos barcos - grandes, pequenos, com ou sem música, para a festa, um passeio romântico, ir até aquele bar do canal em grande estilo, ou beber um copo flutuante ao final da tarde, toda a gente tem um e se não tiver, arranja maneira de andar num!
- Os canais, que mais do que darem um ar irresistivelmente fofinho e fotogénico à cidade, fazem parte integrante dela, e como tal pedala-se ferozmente nas ruas empedradas e molhadas à beira dos deles (medo!), ou estaciona-se o carro "de lado" com a roda quase a roçar a borda (MEDO!)
- A cerveja local - principalmente se bebida a bordo do barco do nosso amigo, acompanhada de queijo e enchidos deliciosos comprados no mercado orgânico de manhã, enquanto nos vamos revezando ao leme, deambulando pelos canais, empurrando as paredes dos outros barcos e das pontes para não chocarmos, acenando às pessoas nas pontes e nos outros barcos...
- A ex-zona industrial de Amsterdão, tão perto do centro e tão diferente, semi-inóspita e por isso mega fascinante (e eu sem rolo na máquina e sem bateria no telemóvel :((((((((((() e com um não-sei-quê de Christiania, com esculturas aleatórias, restos de festa do dia anterior, coisas abandonadas,
cenas destas e um café-restaurante-bar quase que paradisíaco à beira da água.
- O facto de os
stands de batatas fritas as anunciarem ostensivamente como vegetarianas (duh). Sinal dos tempos...
- Sermos 11 moças à volta de uma mesa redonda do café mais art-déco de sempre, na sala do fundo às duas da tarde, e sermos as únicas clientes.
- A Sinagoga Portuguesa (yah!),
isto, e comer um hamburguer orgânico - com batatas fritas vegetarianas claro - debaixo do chapéu de uma esplanada algures no meio da cidade.
- O caos do trânsito - bicicletas, carros, eléctricos, autocarros e pessoas tudo no mesmo sítio. Ainda assim, o número de pessoas de bicicleta todos os dias não anda nada longe do de Copenhaga. Afinal, quem é que precisa de infra-estruturas? O que é preciso é que todos saibam conviver no mesmo espaço :D
Só faltou mesmo andar de bicicleta e ir à Mango (a de cá fechou - as dinamarquesas realmente não sabem o que é bom). Fica para a próxima. Mas acho que era capaz de lá viver.
De resto, esqueçam o meu post anterior sobre a chegada do inverno, chuva, nuvens, vento e isso, aqui está tudo histérico com o Indian Summer (também não conhecia a expressão), não chove há mais de uma semana e o céu tem estado sempre azulinho e a temperatura quase a roçar os 20 graus. Este fim-de-semana parece que não vai andar longe dos 25, é a loucura! O problema é que estes 20 graus não são assim muito quentes, se fossem 20 graus em Abril andava tudo de chinelos e calções, mas agora eu acho que congelava se me atrevesse, portanto ficamo-nos pela t-shirt, sempre de casaco atrás não vá a coisa correr mal.
Um verão de S. Martinho lá para Novembro, isso é que ia saber bem!